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SST e COP30: o impacto da saúde do trabalhador no clima

  • Foto do escritor: Juliana Dias
    Juliana Dias
  • 17 de nov.
  • 3 min de leitura
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Com o início da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém entre 10 e 21 de novembro, o mundo volta seus olhos para soluções capazes de conciliar crescimento econômico, transição justa e proteção da saúde humana. Nesse contexto, um tema ainda pouco explorado ganha força: o papel das empresas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) na agenda da sustentabilidade.


Para a ABRESST – Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança, a SST é uma das pontes mais sólidas entre o cuidado com as pessoas e a responsabilidade ambiental. Quando falamos em sustentabilidade, muitos pensam apenas em carbono e energia limpa. Mas é impossível falar em futuro sustentável sem colocar o trabalhador no centro da estratégia. Cuidar das pessoas é o primeiro passo para cuidar do planeta.


Segundo o relatório Lancet Countdown on Health and Climate Change 2024, os efeitos do aquecimento global já comprometem a saúde pública e ocupacional em larga escala: o número de dias de exposição ao calor extremo aumentou 80% desde 1986, e mais de 500 milhões de pessoas no mundo vivem em regiões com risco crescente de doenças transmitidas por vetores devido ao desequilíbrio ambiental.


O setor de saúde, por sua vez, responde por 5,2% das emissões globais de gases de efeito estufa, e suas emissões aumentaram 36% desde 2016. No Brasil, as perdas de produtividade relacionadas a doenças e afastamentos ligados ao estresse térmico e à poluição já somam bilhões de reais por ano, segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT).


Tudo isso aponta para uma convergência entre crise climática e saúde do trabalhador. Isso significa que quem atua em SST não pode mais se limitar à prevenção de acidentes – é preciso compreender como o ambiente em transformação afeta o corpo, o comportamento e o desempenho humano.


COP30: o Brasil no centro da transição climática

A COP30 marca um ponto decisivo na história das conferências climáticas: pela primeira vez, o Brasil sedia o encontro em uma cidade da Amazônia, uma das regiões mais simbólicas e vulneráveis do planeta. Com a expectativa de participação de mais de 190 países, o evento discutirá metas de mitigação, adaptação e financiamento climático.


De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), em 2024 os investimentos globais em energia limpa ultrapassaram US$ 2 trilhões, enquanto as perdas econômicas associadas a desastres naturais somaram mais de US$ 250 bilhões. Esses números mostram que a transição climática não é apenas uma pauta ambiental, mas também uma questão de gestão de risco corporativo e humano.


Os impactos das mudanças climáticas já estão dentro das empresas. O calor excessivo, as inundações, a poluição do ar e a disseminação de doenças respiratórias e infecciosas afetam diretamente a produtividade, os afastamentos e os custos trabalhistas. É por isso que a área de SST precisa estar na mesa de decisões sobre ESG e clima.


SST como pilar de adaptação e governança climática

Na prática, integrar SST à estratégia de sustentabilidade significa transformar a forma como as empresas monitoram, previnem e gerenciam riscos. Mas a prevenção agora precisa ser pensada também sob a ótica da resiliência climática. Planos de prevenção contra ondas de calor, programas de hidratação, pausas térmicas, treinamentos de primeiros socorros em eventos extremos e reorganização de jornadas são medidas que protegem vidas e reduzem passivos trabalhistas. Isso é ESG aplicado à SST.


As ações, no entanto, não se limitam ao ambiente físico. A transição sustentável também envolve eficiência energética nas clínicas e ambulatórios, revisão da cadeia de suprimentos, digitalização de processos e inclusão de critérios de sustentabilidade na escolha de fornecedores e parceiros.


Fonte: Mundo RH

 
 
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